Por - Gabriel Nascimento
Com início do período de preparação para a edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, muitos alunos já estão com os estudo a pleno vapor. Alguns se dedicam mais a Português, outros a Matemática, também há aqueles que praticam mais a Redação. Porém, para manter o foco nas matérias principais, alguns acabam esquecendo de se preparar para algumas disciplinas que não estão tão em evidência, mas que também possuem um alto grau de importância. É o caso da Física. Professores falam das maiores dificuldades enfrentadas pelos estudantes da matéria e dos tópicos que mais costumam cair nas avaliações, além de darem dicas de preparo para os alunos que desejam fazer uma boa avaliação.
O professor Sandro Age Faria, que leciona no Centro Educacional da Lagoa (CEL) diz que, em primeiro lugar, o preconceito é o maior responsável pelo mau desempenho dos estudantes na matéria. “Os alunos desenvolvem um certo bloqueio com a disciplina, muitas vezes cultivado em casa, esse é o maior inimigo. Eles ouvem o depoimento do irmão mais velho, ou de um primo, e trazem esse preconceito para a escola. Nosso primeiro embate, então, não é com a Física, e sim com a resistência que o aluno tem com a matéria. Em segundo lugar, nós percebemos uma grande dificuldade não na Física em si, mas no ferramental da Matemática. Por exemplo, na hora de resolver uma equação, montar um gráfico, coisas que eles já deveriam saber para aplicar aqui, nesta disciplina, irão atrasá-los, colaborando para a criação do estigma.”
Para o professor Jorge Magalhães, que leciona a matéria há aproximadamente 13 anos no Curso Tamandaré, o preconceito é uma questão existente e que atrasa o processo de aprendizado, mas que a raiz do problema se encontra na deficiência que os alunos têm em compreender o que é pedido. “Muitos estudantes não conseguem interpretar o texto, têm dificuldades em identificar os elementos do problema proposto, e sem isso, não há por onde começar”, afirma.
Sobre os tópicos mais comuns entre as provas de vestibular, Sandro destaca a Mecânica como ponto de partida para os estudantes. “Além de poder ser utilizada em muitas situações do seu cotidiano, essa parte tem uma aplicabilidade muito grande em outros campos da Física. Então a Mecânica é basicamente um pré-requisito para a compreensão de outros tópicos dentro da matéria. E, estatisticamente falando, se formos colocar em termos percentuais, a incidência do contexto Mecânica gira em torno de 60% a 70% da prova, e, o restante, se divide entre Eletricidade e Circuitos Elétricos, Calor, Ótica e Ondas.”
Sobre a diferença entre o Enem, que tem modelo de prova objetiva e um vestibular com questões discursivas, como o da Uerj, por exemplo, o professor diz que que não exerga grande divergência no conteúdo cobrado, mas que pode haver necessidade de uma resposta mais aprofundada para as questões da segunda.
“Hoje em dia eu não percebo uma grande diferença de conteúdo. O que pode acontecer é o estudante ter que se aprofundar um pouco mais na prova discursiva, articular uma linha de pensamento e desenvolver a resposta, enquanto a objetiva vai cobrar dele apenas interpretação e resolução mental. Porém, em ambos os casos, além da Matemática, o aluno vai utilizar bastante o Português, a Interpretação de Texto.” O professor Jorge concorda: “Não acredito que haja uma diferenciação de conteúdo entre uma prova e outra, o que vai mudar é a abordagem. E forma de resolução, obviamente. Porém, em ambos os casos, o estudante precisa interpretar o que a questão pede dele. Muitos alunos até saberiam resolver a questão se ela fosse dada de uma forma mais direta, mas acabam errando por não conseguirem entender o que o enunciado pede.”
Para finalizar, os professores dão a dica aos alunos que desejam montar um plano de estudos para a matéria: “Começar por Mecânica é uma boa forma de iniciar os estudos. A parte de Movimento, a Lei de Newton e os tópicos que são agregados a eles, como a parte de hidroestática, energia, por exemplo. Mas, antes de tudo, verificar seu prepero para a Matemética, pois ela é uma ferramenta essencial para a Física, pois o candidato precisa saber identificar os elementos de uma equação, saber interpretar e equacionar; Entender bem algumas figuras geométricas, fazer contas, potências, entender Radiciação, além do Português, é claro”, disse o professor Sandro.
Para professor, é necessário evitar a decoreba de fórmulas
Muitos alunos que estudam para a matéria de Física acham que um bom desempenho na matéria depende de ter decoradas as fórmulas usadas na disciplina. No Enem, entretanto, isso não basta. Mais importante, de acordo com o profesor Eduardo Sperandio Ribeiro, do Colégio de Aplicação da Unigranrio, é dominar os conceitos e saber como podem ser aplicados no dia a dia. "Conhecer os conceitos e ter a capacidade de aplicar em situações cotidianas, incluindo o conhecimento das outras ciências da natureza, é o grande foco. Em outras palavras, a “decoreba” de fórmulas e suas aplicações não é mais o grande objetivo."
FOLHA DIRIGIDA — Para um candidato que está começando a se preparar para o Enem e quer ter um bom desempenho nas questões de Física da prova: qual a melhor estratégia de estudos?Eduardo Sperandio Ribeiro — Acredito que ter uma rotina de estudos, com horários reservados para cada disciplina é o primeiro ponto. Montar uma grade horários que separe o tempo de estudos na escola ou curso do horário de estudos em casa é o primeiro passo. Para física em especial é sempre interessante o candidato praticar bastante, resolvendo o máximo de questões que for possível relacionadas aos temas cobrados no Enem para se apropriar dos conceitos.
Para quem não é tão bom na matéria, qual a parte mais indicada para iniciar? Mecânica? Eletricidade? Ótica? Por que?O caminho natural é começar o estudo a partir da mecânica. A mecânica é a base de conhecimento para todas as outras áreas da física, principalmente os conceitos de velocidade e aceleração, as Leis de Newton com todas as suas aplicações e o conceito de energia. A energia é o conceito físico que une todas as áreas desta ciência, portanto compreender esse conceito e as suas transformações já constituem uma base forte de conhecimento para responder grande parte das questões.
Muitos se preocupam com as contas. Em Física, qual a importância de ter um bom desempenho também na parte teórica?A prova do Enem não deixou de conter cálculos na prova de física e, portanto, não podemos abrir mão deles. Conhecer os conceitos e ter a capacidade de aplicar em situações cotidianas, incluindo o conhecimento das outras ciências da natureza, é o grande foco. Em outras palavras, a “decoreba” de fórmulas e suas aplicações não é mais o grande objetivo.
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